15/12/2025
Avanços na revisão do Pirh Paranaíba reforçam integração e corresponsabilidade na gestão da bacia
GERAL
O ano de 2025 foi marcado por importantes avanços na atualização do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paranaíba (Pirh Paranaíba). Iniciado em 2023, o processo vem se consolidando como um espaço de construção coletiva, fortalecendo o diálogo entre os diferentes territórios, comitês afluentes, instituições públicas e representantes da sociedade civil que atuam na bacia.
Para o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba (CBH Paranaíba), Fábio Bakker, o principal destaque do ano está na definição de uma visão estratégica integrada para os próximos anos. “Estamos estruturando o plano de forma que as ações no território resultem, de fato, em melhorias concretas na qualidade e na quantidade das águas da bacia”, afirma.
O professor Wilson Shimizu, representante da Universidade Federal de Uberlândia na Câmara Técnica de Planejamento Institucional e coordenador do Grupo de Trabalho responsável pela revisão do plano e pelo enquadramento dos corpos d’água, destaca que o ano de 2025 consolidou um novo modo de atuação. “Avançamos significativamente nos processos, principalmente no fortalecimento do diálogo com os comitês afluentes e com outras esferas das políticas públicas no país”, afirma. Segundo ele, a ampliação da interlocução com áreas como saúde, meio ambiente e segurança hídrica representa um ganho técnico importante para o planejamento da bacia.
Enquadramento: viabilidade, escuta qualificada e compromisso com o território
Seguindo as etapas metodológicas do plano — diagnóstico, prognóstico, construção de cenários e definição de alternativas —, o processo de revisão avançou, em 2025, para uma das fases mais sensíveis e estratégicas: o enquadramento dos corpos d’água.
“Concluímos o prognóstico, o que representou um passo fundamental para a definição dos próximos caminhos. Mas o grande diferencial está na forma como temos conduzido o enquadramento, com escuta ativa e envolvimento direto dos atores locais”, explica Fábio Bakker.
Wilson Shimizu reforça que esta etapa exige realismo e participação efetiva. “Trabalhamos com três dimensões: o rio que temos, o rio que queremos e o rio que é possível alcançar. Nem sempre é viável atingir a qualidade ideal — em alguns trechos, o nível de comprometimento exige investimentos expressivos, especialmente em tratamento de esgoto”, destaca.
As discussões sobre enquadramento são conduzidas por trecho de rio, com o envolvimento de representantes da sociedade, usuários da água e comitês afluentes. “Não se trata de impor uma classe de qualidade. Questionamos: hoje o rio é classe 4. É possível alcançar a classe 3? Classe 2? Quanto isso vai custar? Em quanto tempo? Esses são debates essenciais para uma proposta que seja factível e comprometida com a realidade da bacia”, afirma Shimizu.
Para Bakker, o avanço qualitativo do processo está na construção compartilhada das soluções. “O comitê não entrega uma proposta pronta. O objetivo é reunir os atores da bacia para decidir em conjunto. Essa corresponsabilidade é o que garante legitimidade ao processo.”
Programas estruturantes como base para a transformação
A expectativa para 2026 é finalizar o enquadramento e avançar para a formulação do plano de ações, com foco na implementação dos programas estruturantes. Para Fábio Bakker, essa etapa será um marco na atuação do comitê. “O CBH Paranaíba deixa de ser apenas um executor de projetos e assume o papel de articulador de transformações, conectando instituições, promovendo sinergias e garantindo a continuidade das ações por meio de múltiplas fontes de financiamento.”
Segundo ele, essa abordagem sistêmica é fundamental para gerar impactos reais e duradouros. “Os programas estruturantes devem funcionar como eixos integradores de políticas públicas, criando condições para a implementação de soluções sustentáveis ao longo do tempo.”
Um plano construído a muitas mãos
Com os estudos consolidados, propostas preliminares de enquadramento definidas e uma metodologia participativa fortalecida, a revisão do Pirh Paranaíba encerra 2025 como referência em planejamento de recursos hídricos. Mais do que um instrumento técnico, o plano representa um processo coletivo, construído com base na escuta, no compromisso institucional e na corresponsabilidade entre os diversos setores que compõem a bacia.
As pontes estabelecidas entre comitês, universidades, órgãos públicos e sociedade civil seguem como legados fundamentais do processo — uma demonstração de que a gestão hídrica se fortalece quando é vivida, compartilhada e construída em conjunto.